domingo, 25 de abril de 2010

Por dentro da Síndrome de Asperger com "Mary e Max"

Para quem deseja aprender um pouco mais sobre a condição do portador da Síndrome de Asperger (um transtorno invasivo do desenvolvimento, quadro do espectro autístico) e ao mesmo tempo usufruir uma produção australiana de altíssima qualidade não pode perder a animação longa-metragem "Mary e Max - Uma amizade diferente", em cartaz nos cinemas. O filme é uma produção de 2009 mas só entrou em cartaz este mês no Brasil, é dirigido e escrito por Adam Eliot e já foi o vencedor de alguns prêmios (o "Annecy Cristal" do Annecy International Animated Film Festival, em junho de 2009; a melhor animação no Asia Pacific Screen Awards, em novembro de 2009).

O filme é ambientado entre 1976 e 1998 e conta uma história comovente de amizade cultivada através da troca de cartas entre Mary Dinkle, uma menina solitária de 8 anos que vive num subúrbio de Melbourne, e Max Horovitz, um homem de 44 anos que sofre de compulsão alimentar, obesidade grave, síndrome de Asperger, mora em Nova Iorque, é judeu e ateu.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Minha depressão pós-parto

Este é o relato de A. sobre a sua experiência com uma depressão pós-parto para o espaço Compartilhando do blog Tudo Sobre Saúde Mental (veja aqui como participar):

"Tive uma gravidez plena. Meu filho foi programado, desejado e muito querido. Entrei na sala de parto e observei à minha obstetra que eu não havia tomado sequer um Tylenol durante toda a gestação. Meu filho nasceu de parto normal, sem qualquer intercorrência, absolutamente saudável e com apgar 9 e 10. Poucas horas depois, devido a um sangramento intenso, tive que ir para o centro cirúrgico para conter a hemorragia, o que resultou numa anemia aguda e a necessidade de receber transfusão de sangue. Acabei ficando 6 dias na maternidade, apesar de ter tido parto normal. Nunca imaginei que anemia causasse um cansaço tão grande, de tal maneira que só consegui dar banho no meu filho quando ele tinha 15 dias de vida.

Não sei como conseguia amamentá-lo, e ele crescia visivelmente. Mas após cerca de 1 mês de vida, comecei a me sentir triste, o cansaço aumentava pela privação de sono e percebi que meu leite diminuía, o que talvez tenha feito ele começar a dormir pior, e tornar as minhas madrugadas longas e insones. Notei também que fiquei completamente inapetente, e a vontade e disposição para tomar água havia reduzido sensivelmente, o que certamente dificultava ainda mais a amamentação e me causava uma certa preocupação.

Inauguração do espaço 'Compartilhando' no blog

A possibilidade de aprendizagem com a experiência alheia em determinada situação, tarefa ou tema sempre foi algo relevante na história da humanidade. Não é à toa que muitas gerações contaram com a passagem da experiência de pais para filhos, durante séculos, seja no aprendizado de uma profissão, no desenvolvimento de dotes culinários ou até mesmo no auxílio de uma mãe de primeira viagem no cuidado do seu primeiro bebê. Enfim, a experiência do próximo sempre pôde e pode ajudar muito.

Quando a questão é saúde mental, a situação não é diferente. Ao enfrentamos um problema desta natureza pode ser muito confortante e produtivo ouvir o relato de alguém que já passou ou passa por uma questão semelhante. Em primeiro lugar, ao termos a chance de contato com o outro experiente, percebemos que não somos os únicos a enfrentarmos a situação, além de podermos tirar proveito prático da experiência alheia com o problema. Quem já sofreu uma intercorrência de saúde mental tem uma oportunidade maior de entender o problema e colocá-lo em perspectiva, até mesmo porque esta pessoa esteve "dentro do olho do furacão". Adicionalmente, este indivíduo também tem uma possibilidade grande de despertar a empatia de quem passa por uma situação semelhante, já que o seu relato é tecido pela experiência própria. Outro ponto relevante é que o indivíduo que já sofreu um problema de saúde mental pode ter desenvolvido instrumentos que podem, em muito, tê-lo auxiliado a enfrentar e sair da situação. Porque então não dar voz a estas pessoas que têm tanto a oferecer?